domingo, 27 de julho de 2008

Áreas de 2003 já estão em condições de arder novamente


Especialistas não acreditam, porém, em Verão catastrófico.a As áreas percorridas pelos incêndios de 2003 já estão em condições de arder novamente, mas a hipótese de uma temporada tão devastadora de fogos este ano é considerada improvável por alguns especialistas.O estado das áreas ardidas nos últimos anos é uma das indicações da carta anual de risco conjuntural de incêndios, que só agora está a ser concluída, com três meses de atraso. Esta carta, produzida pelo Instituto Superior de Agronomia (ISA) para a Direcção-Geral de Recursos Florestais (DGRF), indica as zonas mais susceptíveis de arder num determinado ano. Serve sobretudo para planear o pré-posicionamento dos meios de combate.Prevista no Plano Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios, a carta conjuntural deve estar pronta "no primeiro trimestre de cada ano". Segundo o investigador José Miguel Cardoso Pereira, que coordena o projecto, o atraso deve-se à tardia assinatura de um protocolo entre o ISA e a DGRF. O trabalho estava a ser concluído na sexta-feira passada.O secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e das Florestas, Ascenso Simões, desvaloriza o atraso, dizendo que há outras cartas de risco disponíveis: a DGRF produz, em conjunto com o Instituto de Meteorologia, um índice diário de risco de incêndio e o Instituto Geográfico Português apresentou, no mês passado, uma outra carta de risco de incêndio, de carácter estrutural.A carta conjuntural deste ano indica que há muito combustível acumulado, mas por ora com um nível de humidade relativamente elevado. Nos 426 mil hectares varridos pelas chamas em 2003, já cresceu uma quantidade significativa de vegetação. Se ocorrerem, os incêndios ali não serão eventualmente tão brutais, mas podem induzir outros efeitos."Se voltarem a arder zonas de pinhal que estejam em regeneração natural, não haverá tempo para a produção de sementes", afirma José Miguel Pereira. Com isso, os pinhais poderão ser tomados por matos ou ocupados deliberadamente com eucaliptos. Medo das semanas de calorEste ano, choveu bastante no princípio da Primavera, estimulando o crescimento da vegetação. Mas o calor demorou a chegar e as plantas não secaram tanto. Se não houver ondas de calor excepcionais, um Verão catastrófico "é muito pouco provável", acrescenta José Miguel Pereira."Ficaria muito surpreendido", concorda o climatologista Carlos da Câmara, do Centro de Geofísica da Universidade de Lisboa, autor de um modelo de previsão da severidade dos fogos em Julho e Agosto, com base na chuva e nas temperaturas entre Março e Junho. Para este ano, o modelo sugere que há apenas 11 por cento de probabilidade de que Julho e Agosto sejam severos, ou seja, que a área ardida nesses meses seja superior a 80 mil hectares. Mas, por outro lado, a probabilidade de uma área ardida inferior a 45 mil hectares é de apenas quatro por cento.O secretário de Estado Ascenso Simões prefere não fazer prognósticos e diz que é preciso estar preparado para tudo: "Se tivermos 15 dias seguidos com mais de 30 graus de temperatura, menos de 30 por cento de humidade e mais de dez nós de vento de leste, tudo muda." Ou seja, dependemos de S. Pedro. 21 .07.2008, Ricardo Garcia

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