Francisco Moreira, do Instituto Superior de Agronomia, falou ao
«Ciência Hoje» sobre o projecto «Recuperação de áreas ardidas»
2009-09-30
Por Luísa Marinho
Francisco Moreira, do Instituto Superior de Agronomia
O que fazer com as grandes áreas que ardem durante o Verão continua a
ser uma questão que todos os anos levanta dúvidas e cria polémicas.
Para pensar sobre esta problemática e definir as melhores soluções foi
criado o projecto «Recuperação de áreas ardidas».
Com coordenação do Instituto Superior de Agronomia (ISA), este
projecto de investigação e formação envolve a Universidade de Aveiro
(UA) e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). Ontem, a
UA recebeu Francisco Moreira, investigador do Centro de Ecologia
Aplicada Prof. Baeta Neves, do ISA, que transmitiu a técnicos
florestais alguns resultados das investigações que estão a ser feitas
neste âmbito.
Em conversa com o «Ciência Hoje», Francisco Moreira explicou que os
workshops que o projecto promove têm como objectivo “a transferência
de conhecimento dos centros de investigação para as pessoas que andam
no terreno”.
O programa, iniciado em 2006, actua em várias vertentes. Sublinha a
importância de um planeamento prévio, com o mapeamento das áreas mais
sensíveis, e investiga as melhores formas de se lidar com terrenos já
ardido.
“Muitas vezes, reflorestar nem sempre é a melhor opção”, considera,
contrariando a política que tem sido praticada nos últimos anos. “A
reflorestação tem a maior parte das vezes menos sucesso do que a
regeneração natural, que é mais rápida e não agride o solo”.
«A gestão das áreas ardidas é ainda parente pobre
do tema dos incêndios»
A retirada de todas as árvores ardidas não é também “aconselhável”,
afirma. Técnicas para diminuir a erosão do solo estão também a ser
estudadas.
Durante os quatro anos de implementação deste projecto, nos quais
foram ministrados diversos cursos de formação avançada e workshops,
não houve ainda, considera Francisco Moreira, “nenhum avanço
significativo”, a nível institucional, nesta área. “Infelizmente, a
gestão das áreas ardidas é ainda parente pobre no tema dos incêndios”,
lamenta, acrescentando que “as pessoas esquecem-se dos problemas que
podem existir nas áreas ardidas”.
“A implementação das ideias que transmitimos está muito longe de se
concretizar”, remata.
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