domingo, 29 de julho de 2007

Risco de incêndio aumenta substancialmente devido ao descuido

Risco de incêndio aumenta substancialmente devido ao descuido


Protecção Civil preocupada com falta de limpeza das matas do concelho de Abrantes

A Câmara de Abrantes comprou uma máquina de rastos para abrir caminhos e asseiros na floresta, lançou uma campanha de sensibilização através das rádios locais e apostou nos grupos de jovens para as acções de vigilância da floresta. Medidas que visam prevenir a deflagração de incêndios florestais e que, segundo a protecção civil municipal, não estão ser acompanhadas por parte da população, que não limpa o mato nas suas propriedades.

João Pombo, responsável da protecção civil municipal, considera que este investimento "só terá alguma validade se for acompanhado de uma mudança nas mentalidades". Situações de incêndio idênticas às verificadas em 2003 e 2005 no concelho, que destruíram parte significativa do seu património florestal, podem ocorrer este ano, alertou. O antigo comandante dos Bombeiros de Abrantes disse à Agência Lusa estar "apreensivo" com o facto de as pessoas não estarem a fazer a limpeza dos matos. "Os incêndios são inevitáveis no Verão, mas com estas ervas altas [que se vêem em muitos locais], é certo que, no momento em que eles ocorrerem, serão mais rápidos", alerta.

No entanto o município tem meios legais para punir os prevaricadores. Tal como foi divulgado em reportagem na última edição de O MIRANTE, as câmaras não só podem notificar os proprietários das áreas por limpar como, em caso de não ser acatada a ordem, realizar os trabalhos de limpeza e imputar os custos aos infractores. O Artigo 15º do Decreto-Lei nº 124/2006 de 28 de Junho estabelece que os proprietários, arrendatários, usufrutuários ou entidades que detenham terrenos confinantes com edificações, estaleiros, armazéns, oficinas, fábricas ou outros equipamentos, são obrigados a proceder à gestão de combustível numa faixa de 50 metros à volta dessas edificações.

O exemplo positivo

de Aldeia do Mato

Como exemplo pela positiva é apontada a Aldeia do Mato, que, depois de violentamente afectada pelos incêndios, recomeçou a reconstruir o seu património florestal, apostando na constituição de uma Zona de Intervenção Florestal (ZIF). António da Cruz, presidente da junta de freguesia local, e mais 70 proprietários florestais constituíram o núcleo fundador de uma ZIF que vai ter 3.200 hectares, abrangendo Aldeia do Mato e parte das freguesias de Rio de Moinhos e Martinchel.

As ZIF podem reduzir a possibilidade de se repetir com o autarca, também ele proprietário e engenheiro florestal, o sucedido há dois anos. As suas parcelas estavam limpas e ordenadas, mas as chamas chegaram tão avassaladoras que destruíram as árvores que possuía. "Com uma gestão profissional, planos de gestão florestal e de defesa da floresta, a prevenção será muito mais eficaz, repartindo-se investimentos e lucros", explicou.

No entanto, nem tudo tem sido fácil na constituição desta ZIF, pois às dificuldades burocráticas, tem-se juntado alguma resistência de alguns proprietários para aderirem ao projecto. Nos 3.200 hectares que vão constituir uma das primeiras ZIF da região será dada a prioridade ao pinheiro manso e também ao sobreiro, o que representará uma alteração radical da paisagem de Aldeia do Mato. Segundo o autarca, o sobreiro está a ter uma "regeneração natural", o que "é normal", já que a freguesia se encontra na fronteira com o Alentejo. "À medida que avança a desertificação, avança também o sobreiro", reconhece o autarca. O Mirante

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