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46% dos fogos florestais com origem criminosa
manuel correia |
Os três dias de festa de S. João estão entre os piores do ano para os bombeiros de Gaia |
Carla Sofia Luz
Quase metade (46,2%) dos incêndios florestais que deflagraram, entre os anos de 2001 e 2005, no município de Gaia tiveram origem criminosa. Apenas em 23% das situações, a negligência foi a causadora das chamas. Os dados integram o Plano Operacional Municipal do Concelho de Gaia, que alerta para o facto dos fogos nas áreas de floresta serem um dos maiores problemas do município.
Mais de metade dos incêndios (57%) combatidos entre 2004 e o ano passado foram detectados pelos populares, que avisaram as corporações. Por outro lado, cerca de 30% dos alertas chegaram pela linha 117 e 22% foram feitos pelos militares da GNR. Gaia possui uma extensa zona florestal, embora seja bastante compartimentada por habitações e por outros equipamentos.
Mais de 60% do território é tomado por área rural - sendo que 30% é de uso florestal (1845 hectares considerados de risco muito elevado e 2852 de risco elevado). "O elevado número de ocorrências, 424 por ano nos últimos 26 anos, e a pequena área ardida por ocorrência (meio hectare) no mesmo período comprovam as nossas preocupações", indica-se no documento, elaborado pela Comissão Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios.
O ano de 2005 foi o pior dos últimos 26 anos. O registo é negro com 797 fogos. Entre 1981 e o ano passado, os incêndios florestais consumiram 5783 hectares no município gaiense e "a correlação com as condições meteorológicas é pouco evidente", como se refere naquele plano.
Olhando para o calendário e para os registos entre 1997/2006, os técnicos não têm dúvidas em assinalar seis dias críticos três são em Agosto (dias 20, 21 e 22) e os outros três são, precisamente, os dias em que se comemora o S. João (23, 24 e 25). Embora seja proibido, mantém-se a tradição de lançar balões, convertendo a festa num pesadelo para as corporações de Gaia.
Outros "picos de áreas ardidas e ocorrências" encontram-se no princípio da Primavera "devido ao uso do fogo para queima de sobrantes e de outro tipo de resíduos"; no Verão "devido à elevada negligência, uso do fogo e reacendimentos nos dias de condições atmosféricas bastante adversas", indica-se ainda. Grande parte dos fogos deflagraram pelas 15 horas. De facto, a tarde é o pior momento do dia. JN
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