domingo, 29 de julho de 2007


46% dos fogos florestais com origem criminosa
manuel correia
Os três dias de festa de S. João estão entre os piores do ano para os bombeiros de Gaia


Carla Sofia Luz

Quase metade (46,2%) dos incêndios florestais que deflagraram, entre os anos de 2001 e 2005, no município de Gaia tiveram origem criminosa. Apenas em 23% das situações, a negligência foi a causadora das chamas. Os dados integram o Plano Operacional Municipal do Concelho de Gaia, que alerta para o facto dos fogos nas áreas de floresta serem um dos maiores problemas do município.

Mais de metade dos incêndios (57%) combatidos entre 2004 e o ano passado foram detectados pelos populares, que avisaram as corporações. Por outro lado, cerca de 30% dos alertas chegaram pela linha 117 e 22% foram feitos pelos militares da GNR. Gaia possui uma extensa zona florestal, embora seja bastante compartimentada por habitações e por outros equipamentos.

Mais de 60% do território é tomado por área rural - sendo que 30% é de uso florestal (1845 hectares considerados de risco muito elevado e 2852 de risco elevado). "O elevado número de ocorrências, 424 por ano nos últimos 26 anos, e a pequena área ardida por ocorrência (meio hectare) no mesmo período comprovam as nossas preocupações", indica-se no documento, elaborado pela Comissão Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios.

O ano de 2005 foi o pior dos últimos 26 anos. O registo é negro com 797 fogos. Entre 1981 e o ano passado, os incêndios florestais consumiram 5783 hectares no município gaiense e "a correlação com as condições meteorológicas é pouco evidente", como se refere naquele plano.

Olhando para o calendário e para os registos entre 1997/2006, os técnicos não têm dúvidas em assinalar seis dias críticos três são em Agosto (dias 20, 21 e 22) e os outros três são, precisamente, os dias em que se comemora o S. João (23, 24 e 25). Embora seja proibido, mantém-se a tradição de lançar balões, convertendo a festa num pesadelo para as corporações de Gaia.

Outros "picos de áreas ardidas e ocorrências" encontram-se no princípio da Primavera "devido ao uso do fogo para queima de sobrantes e de outro tipo de resíduos"; no Verão "devido à elevada negligência, uso do fogo e reacendimentos nos dias de condições atmosféricas bastante adversas", indica-se ainda. Grande parte dos fogos deflagraram pelas 15 horas. De facto, a tarde é o pior momento do dia. JN

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