03.08.2007 - 22h22 Cláudia Bancaleiro
Um acidente com um aerotanque ligeiro Dromader M-18B fez hoje a primeira vítima mortal desde o início da fase “Charlie” de combate aos incêndios florestais, no passado dia 1 de Julho.
O Dromader, um dos oito aparelhos propriedade da Aeronorte que o estado alugou este ano para o combate aos fogos, integrava as operações de combate a um fogo florestal junto ao Campo de Futebol de Rexaldia, concelho de Torres Novas, quando se despenhou pelas 17h00, entre as povoações de Alvorão e de Mias. Pouco antes o aparelho tinha descolado do aeródromo de Giesteira, em Fátima, carregado de água.
Populares que assistiam ao combate ao fogo afirmam ter visto uma das asas do aparelho bateu num pinheiro, quando este tentava descer perto de uma escarpa para chegar a uma frente de fogo e larga a água, uma informação que o comandante nacional de Operações de Socorro, Gil Martins, não confirmou. Às 16h57 era recebida a última comunicação do piloto pela Protecção Civil. Pouco depois confirmava-se que o aparelho se tinha despenhado quando tentava efectuar a manobra de descarregamento da água, provocando a morte ao seu piloto, Luís Cunha, de 56 anos, natural da Covilhã e residente em São Mamede de Infesta.
As causas para o acidente continuavam por apurar ao final do dia, mas o proprietário do aeródromo de Giesteira, de onde o aparelho tinha descolado, avançou que na sua origem esteve a “inexperiência do piloto”, situação que disse ter denunciado anteriormente à Protecção Civil. Segundo Joaquim Clemente, o piloto "não voava há oito anos" e hoje não terá conseguido "adaptar-se à irregularidade do terreno”, o que poderá vir a confirmar um "erro humano" como causa provável do acidente.
A Aeronorte, proprietária do Dromader, negou que o seu piloto fosse inexperiente. "Era um piloto com muita experiência nos Canadair que tinha voado para a Aerocondor. Além de participar há vários anos nas campanhas de incêndios também era piloto de linha, fazia transporte de passageiros", disse o director de operações da Aeronorte, o comandante Carlos Peixoto, citado pela Lusa. O responsável não especificou, porém, se o piloto tinha experiência no Dromader, indicando que enquanto se apura se o acidente teve origem num erro humano ou falha técnica a Aeronorte abriu um inquérito interno para determinar se algum problema não foi detectado nas inspecções ao aerotanque. O Dromader é um aparelho de fabrico polaco concebido para a pulverização aérea de terrenos agrícolas e combate a incêndios florestais. Conhecido pela cor amarelo forte, é um aerotanque que atinge um máximo de 225 quilómetros/hora e tem um alcance de distância de mil quilómetros.
O ministro da Administração Interna, Rui Pereira, que se deslocou ao local do acidente, manifestou a sua solidariedade à família do piloto e anunciou que já ordenou a abertura de um inquérito às causas do acidente ao Gabinete de Prevenção de Acidentes do Instituto Nacional de Aviação Civil. Sublinhando ser "prematuro retirar qualquer conclusão sobre o sucedido, Rui Pereira indicou que as informações que recebeu sobre o piloto é de que “era experiente", mas não adiantou mais dados.
Além da abertura do inquérito, o ministro anunciou que foi solicitado ao presidente do Instituto de Medicina Legal de Tomar para acelerar o processo de autópsia ao corpo do piloto. O acesso difícil ao local do despenhamento atrasou as operações de resgate do corpo da vítima, que continua por recuperar.
O Dromader que hoje se despenhou faz parte da frota de aparelhos que este ano integra a fase "Charlie" de combate aos incêndios florestais, que termina a 30 de Setembro. Durante este período estão disponíveis 20 helicópteros ligeiros, oito médios e seis pesados, oito aviões Dromadair e seis Airtractor (aerotanques médios), quatro aviões anfíbios pesados (dois Canadair CL 215 e dois Beriev BE 200 ES), segundo a Directiva Operacional Nacional da Defesa da Floresta Contra Incêndios.
O Governo tem disponíveis 8836 elementos, entre bombeiros, GNR, PSP e outros, 1886 viaturas e 52 meios aéreos. Público
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