A missão da GNR no ataque inicial dos incêndios pode estar em risco de continuidade ou de vir a ser reformulada. Segundo apurou o DN, os grupos de intervenção protecção e socorro - os GIPS criados em 2006 sob forte contestação dos bombeiros -, poderão ter os dias contados. Em causa os enormes recursos financeiros que estão a consumir e que estarão a fazer falta noutros sectores.
Em última instância, os GIPS poderão mesmo ser extintos. O que seria um enorme recuo do Governo, que no ano passado, pela voz do ex-ministro da Administração Interna (MAI), António Costa, assegurou que a GNR tinha um papel fundamental no combate aos incêndios e que tal não constituía uma despromoção do sector dos bombeiros. Aliás, no final da época de fogos, o então MAI realçou o sucesso desta força e a forma pacífica como se integrou no dispositivo. Motivo que levou, até, ao seu reforço este Verão.
Ao DN, um antigo dirigente da Protecção Civil, próximo do PS, afirmou que "os GIPS estão a consumir grandes recursos financeiros que são necessários para garantir outras prioridades na protecção civil. Como por exemplo, as 60 equipas permanentes nos quartéis de bombeiros de cinco distritos". Recorde-se que estas equipas profissionais foram prometidas por Costa para o final do ano.
Apesar de o ministro da Administração Interna ter mudado, o Governo assegura que a sua posição perante este assunto se mantém. Ao DN, o Secretário de Estado da Protecção Civil, Ascenso Simões, afirmou que "quem criou os GIPS foi este Governo e o Governo ainda é o mesmo".
Confrontado com esta hipótese, António Paixão, major da GNR e comandante dos GIPS, reagiu com surpresa. Ao DN, afirmou não saber de nada e realçou o sucesso apresentado pela força que comanda na extinção dos fogos na sua fase inicial. Aliás, António Paixão adiantou que, ainda na semana passada, esteve reunido com Ascenso Simões que lhe pediu para começar a programar o próximo ano.
Outro dado importante foi a profissionalização dos Canarinhos, equipas de primeira intervenção da Força Especial de Bombeiros, criada este ano. "Com a sua criação, este grupo (dos GIPS) deixa de ser tão necessário", disse a mesma fonte.
Além disso, no final do Verão de 2006 estava previsto que os soldados do GIPS completassem formação na área do mergulho, radioactividade e resgate vertical. Mas apenas um número reduzido de 24 elementos recebeu formação em mergulho e nas outras áreas nem sequer se avançou.
Reacções
A possibilidade de extinguir os GIPS cai que nem uma luva nas pretensões da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP). Apesar de não ter conhecimento da hipótese , Duarte Caldeira, presidente da Liga, reconhece que vem ao encontro do que sempre defendeu. E frisa "a necessidade de dispor de uma intervenção permanente e profissionalizada mas levantada a partir dos recursos humanos dos bombeiros, como a experiência dos Canarinhos está a demonstrar". Ou seja, "é a partir desta experiência piloto que se deve seguir numa lógica de dispor de uma força de socorro especifica", concluiu.
José Manageiro, presidente da Associação de Profissionais da Guarda (APG) também reconhece que "a GNR não existe para apagar fogos. Mas este grupo tem tido sucesso na sua missão e falar-se na sua eventual reestruturação nesta altura só serve para perturbar o seu trabalho".
O dirigente da APG afirma que "o papel da GNR é estar junto das populações e têm estado a ser canalizados recursos para os GIPS e para as missões internacionais que depois fazem falta nos postos, que é onde somos procurados pelos cidadãos".
Desde a criação que os GIPS estiveram debaixo de criticas dos bombeiros que se queixaram de falta de articulação e de terem sido relegados para um papel secundário.
DN
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