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A Polícia Judiciária está a investigar a origem do incêndio que durante 36 horas devastou cerca de 400 hectares de floresta, na Portela do Homem, Terras de Bouro, em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês.
O secretário de Estado da Protecção Civil, José Miguel Medeiros, deu a entender haver dúvidas sobre a origem do incêndio e avançou com duas hipóteses: "Negligência, através de queimadas feitas por pessoas que não avisaram, ainda por cima fora de época e de origem dolosa, ou mão criminosa, estando a PJ já a investigar".
José Miguel Medeiros reconheceu que "este foi um incêndio com especificidades próprias", uma vez que mais do que água ou grandes meios, "o combate requeria qualificação e meios individuais".
Recorde-se que o fogo, dado como extinto perto da 17 horas - e entrou em rescaldo uma hora depois -, era um reacendimento de um outro que deflagrou no sábado. Esse facto foi realçado por José Miguel Medeiros: "A zona não fica perto de aldeias, é isolada e de dificil acesso".
O comandante distrital de operações, Hercílio Campos, estava satisfeito: "Conseguimos evitar que o fogo entrasse na Mata da Albergaria e tornasse tudo isto um descalabro". Porém, fonte do Instituto de Conservação da Natureza revelou, ao JN, que "há espécies arbóreas únicas e centenárias fora do perímetro da mata que desapareceram com este fogo e que serão irrecuperáveis". Hercílio Campos acredita, ainda, que permaneceram "mais condições para vigiar e reagir mais atempadamete a qualquer incêndio no futuro, uma vez que este serviu também de limpeza e de criação de áreas de protecção".
O presidente da Câmara de Terras de Bouro aproveitou para "lembrar o desinvestimento no parque, o que torna a gestão complicada porque o dinheiro nunca chega". António Afonso deu duas sugestões para minimizar estas situações: "O reforço das equipas de vigilância, porque os seis ou sete elementos actuais não são suficientes, e a instalação de um equipamento de videovigilância e videodetecção".
No combate ao fogo estiveram 64 bombeiros de diversas corporações de bombeiros do Norte. Além deste, lavraram ontem mais dois fogos na Peneda-Gerês, mas em Montalegre. O pior, na Barca, estava ainda incontrolável à hora de fecho desta edição.
Entretanto, o comandante dos bombeiros de Vinhais, José Marques, estava, ontem, convicto de que os incêndios que têm deflagrado no seu concelho nos últimos dias são fogo-posto. "São planeados ao pormenor, sempre que estamos a combater um fogo, aparecem vários noutros locais, sempre fora do perímetro dos já extintos", afirmou o comandante.
Depois de um fim-de-semana com vários fogos, ontem em Vinhais três incêndios reduziram a cinzas vários hectares de mato e floresta em S. Cibrão (Celas), Santa Cruz e Falgueiras.JN